Laringectomia Fronto-Lateral
Indicação
Têm indicação para laringectomia fronto-lateral (Fig. 14a) os tumores dos dois terços anteriores da corda vocal com extensão ao terço anterior da corda vocal contralateral sem alteração da mobilidade das cordas vocais (Fig.14b).
Técnica
A incisão cutânea é em tudo idêntica à da cordectomia realizando-se de início à traqueotomia a fim de se obter uma melhor exposição do lúmen laríngeo (Fig. 15).
Após levantamento de retalho cutâneo cervical, incluindo o platisma, expõe-se os músculos pré-laríngeos que são afastados lateralmente após ressecção do tecido celulo-adiposo da linha média, ficando assim expostos a chanfradura e o ângulo da cartilagem tiróide, a membrana cricotiroideia e a cricóide.
Em seguida laqueia-se a arcada arterial laríngea ântero-inferior, resseca-se o gânglio délfico e procede-se à secção do istmo da glândula tiroideia e laqueação com sutura continua. Fazemos esta laqueação por penetrações transfixivas, inicialmente do bordo inferior do istmo no sentido postero-anterior, de seguida na zona média do istmo e no sentido ântero-posterior, voltando no mesmo local em sentido postero-anterior, para terminar no bordo superior do istmo passando no sentido ântero-posterior, fixando a sutura com múltiplos nós.
Exposta a cartilagem tiróide define-se a orientação das tirotomias paramedianas, oblíquas e convergentes no sentido cranial (Fig. 16).
Para tal, e após incisão mediana por pericôndrio externo da tiróide, desloca-se este das faces anteriores das lâminas da cartilagem tiróide de forma a expormos um triângulo de cartilagem de base inferior (Fig. 17).
São feitas duas incisões no bordo inferior da cartilagem tiróide, de cada lado do ligamento conóide e procede-se ao descolamento de dois túneis subpericondrais internos, oblíquos de baixo para cima, que se encontram a nível da abertura feita acima na chanfradura da cartilagem tiróide.
Após tirotomias feitas com serra oscilante desenha-se um retalho de cartilagem tiróide de forma triangular e base inferior (Fig. 18).
Recorrendo a ganchos traqueais afasta-se o triangulo de cartilagem e a lâmina restante do lado são da laringe, de modo a procedermos à laringotomia no sentido vertical (Fig.19).
De salientar que esta secção deverá ser feita num plano perpendicular à corda vocal a fim de preservar-mos o máximo possível da corda vocal sã.
Controlando visualmente a entrada na laringe completa-se a laringotomia (Fig. 20), seguindo-se o descolamento da corda vocal do lado do tumor em plano subpericondral interno, até à aritenóide (Fig. 21).
A secção é feita sob visão directa, a tesoura pelo fundo do ventrículo até à aritenóide (Fig. 22), e por uma linha paralela à corda vocal na subglote. Aí, e com tesoura curva unem-se as incisões superior e inferior por secção posterior que inclui a apófise vocal (Fig. 23).
Após hemostase cuidadosa com electrocautério mono ou bipolar, procede-se à fixação da extremidade anterior da corda vocal restante à lâmina da cartilagem tiróide.
Fixado o petíolo da epiglote por sutura transfixiva à membrana tiro-hioideia, aproximam-se e fixam-se as duas lâminas da tiróide na linha média com suturas transfixivas, tal como para a cordectomia.
O encerramento é feito por planos (muscular, subcutâneo e cutâneo), com colocação de drenos “Silastic” que se retiram ao segundo ou terceiro dia. O leito de exérese pode permanecer cruento, sem cobertura fazendo-se a cicatrização por segunda intenção.
A descanulação poderá ser efectuada a partir do quinto ao sexto dia, assim que o controlo endoscópico demonstre a existência de lúmen suficiente. A alimentação é entérica, assegurada por sonda nasogástrica para redução dos riscos de aspiração, que mantemos habitualmente durante uma semana.
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