Os pulmões servem em primeiro lugar para respirar; a respiração em função vital é um ato reflexo e inconsistente e na sua função fônica é a base fundamental da palavra, pois o som vocal depende de uma ação motora que é o ar expelido pelos pulmões.
O ato respiratório compreende dois tempos: inspiração e expiração. Na inspiração o tórax dilata-se e o ar penetra nos pulmões; na expiração, o ar é expelido por um movimento inverso. Esses movimentos de dilatação e contração são efetuados pelos músculos inspiradores e expiradores, cujo principal é o diafragma que, contraindo perde a sua curvatura, abaixando-se e aumentando a cavidade torácica no sentido vertical; os outros músculos afastam as costelas flutuantes, elevam o osso esterno, aumentando os diâmetros transversal e antero-posterior do tórax. Os pulmões, que aderem pelas pleuras à caixa torácica, seguem passivamente os movimentos de dilatação e contração. A renovação constante do ar nos pulmões permite a oxigenação do sangue e a rejeição do gás carbônico.
Em segundo lugar os pulmões servem de reservatório de ar para soprar, cuspir, tossir, assobiar, cantar e falar.
Todas as suas ações utilizam a corrente de ar da expiração. Ao contrário do que acontece na respiração vital, o ar, nos casos citados, é expulso dos pulmões de modo ativo, pela ação dos músculos expiradores, onde teremos o "sopro pulmonar", que produzirá o som fundamental ao nível da laringe, aumentará de intensidade quando em contato com o ressoador nasobucofaríngeo e transformado na palavra falada pelos articuladores representados pela língua, véu palatino, lábios e dentes.
Na expiração ativa, o ar pode ser expulso de duas maneiras:
1) Através do sopro torácico, que é o resultado da ação dos músculos que abaixam as costelas; quando isto ocorre, as costelas ficam apoiadas sobre os pulmões e estes por sua vez, expulsam o ar. Esse sopro é fácil de ser realizado espontaneamente.
2) Através do sopro abdominal: os músculos abdominais comprimem o ventre, na altura da cintura e repelem as vísceras para cima, estas, como conseqüência, repelem o diafragma comprimindo os pulmões de baixo para cima.
A voz esofagiana(voz do laringectomizado total) não se produz com o sopro pulmonar, este torna-se até mesmo embaraçoso quando produzido involuntariamente durante a fala. É necessário que o indivíduo aprenda a evita-lo. Entretanto, como veremos, a voz esofágica pose ser auxiliada por uma ação de dinamização dos músculos abdominais, um pouco semelhante a que se efetua no sopro abdominal, porém, não é embaraçosa porque provoca um sopro pulmonar breve e controlado.
A principal função da laringe seria respiratória, além desta, a esfincteriana, protetora das vias aéreas inferiores contra a penetração de corpos estranhos e alimentos; além disso ao fechar-se completamente pela contração muscular esfincteriana, a laringe evita a saída do ar dos pulmões, auxiliando alguns esforços fisiológicos, tais como, o levantamento de pesos com os membros superiores, o trabalho de parto, o ato de defecar. Na sua função fonatória, é na laringe que o sopro pulmonar é sonorizado.
As cordas vocais são constituídas pelos músculos e ligamentos tireoariteníideos e pela mucosa que os reveste, formando como que duas lâminas verticais, colocadas na extremidade superior da traquéia. Ao se aproximarem, devido a ação do sopro pulmonar, vibram horizontalmente, conclusão chegada graças ao estroboscópio, aparelho que registra a vibração das cordas vocais, permitindo a emissão sonora.
A laringe é o conjunto formado pelas cordas vocais, epiglote e as cartilagens que lhe servem como apoio e proteção, sendo a mais importante o Pomo de Adão.
O orifício onde desemboca o esôfago, na faringe, é chamado boca esofágica; esta pode ficar fechada graças a ação de um anel muscular, músculo cricofaríngeo. Na deglutição esse músculo deve relaxar-se para permitir que os alimentos passem pelo esôfago, ao mesmo tempo em que a epiglote se abaixa para recobrir a laringe e fechar a traquéia.
O laringectomizado perde dois elementos do aparelho fonador: o ativador, ou seja a ação dinâmica dos pulmões e o vibrador, formado pelas cordas vocais. Entretanto, de maneira adaptativa, aprenderá a falar a voz esofagiana, utilizando-se da via digestiva (o esôfago), que substituirá os pulmões e a função vibratória das cordas vocais será desempenhada pelo esfíncter cricofaríngeo/boca esofágica.
As duas são capazes de vibrar sob a ativação de uma corrente de ar: a laringe para dar a voz natural e a boca esofágica para dar a substituição (eructação). Existem, certamente diferenças; o fechamento da laringe se dá pelo nivelamento das cordas vocais. A glote fechada se apresenta como uma linha reta, dirigida da frente para trás, enquanto que a apresentação da boca esofágica acontece segundo uma linha transversal, mais ou menos curvilínea. O ruído da eructação é mais grave e menos possante que a voz laríngea, este transformado em voz (voz esofagiana) será melhorado qualitativamente através da modulação.
O ato de abrir e fechar a boca necessita da ação de vários músculos que determinam a articulação da mandíbula e dos lábios.
O conjunto desses órgãos vai atuar na ginástica articulatória, que modificará o som emitido pelas cordas vocais, em fonemas.
Sem comentários:
Enviar um comentário